segunda-feira, 8 de junho de 2020

Sonho ! Rosa Maria Daólio


Cada dia da quarentena eu conheço pessoas sábias  e reencontros  com alguns admirados  como  o Ailton krenak,nessas lives do youtube que assisto.

Posso citar Vilma Reis, Rita Von Hunty, Conceição Evaristo, Silvio Almeida, outras e outros, mas vamos lá , eu previ que a pandemia não viria sozinha ,  muitas descobertas agradáveis ,  valorização dos funcionários do SUS, do próprio sistema público , da coleta de Lixo ( digo : a nossa saúde começa com a coleta do lixo gerado e sua destinação ).

Em todas as entrevistas de médicos vejo algo inusitado, médicos indígenas, negros, formados  entre dois mil e catorze e dezesseis por que será ?

 – Pois é, o Enem com suas mudanças, em 2004 aquisição de bolsas   e o vestibular unificado em 2009,   prouni , cotas socioeconômica ,  cotas de gênero sexual e cotas raciais,  será que tem haver ? . É preciso notificar essa década 2004 a 2014 governos do Partido dos Trabalhadores. Queira ou não, transformou-se o princípio da aquisição de formação superior , através   dos trabalhos  do  ministro da Educação  Fernando Haddad.( informação importante: 98 mil/ano com bolsas integrais  e 140 mil /ano  de estudantes com bolsas ) , ainda  necessito computar 100 mil/ano de estudantes no programa  ciência sem fronteira. Foi  terrivelmente difícil suportar  essas mudanças, né ?

Mas voltando a quarentena por ocasião dessa pandemia planetária, aqui no Brazil de hoje com um governo neofascista, neonazista, neoliberalista, banqueiro está às festas com rendimentos superavitários e ajuda de 1,200 (um trilhão e duzentos bilhões para eles não quebrarem, danadinhos) visto isso, entre tantos desajustes criminosos desse autoritário imbecil, negacionista  da ciência , por  conveniência, estamos  as ruas da  periferia e das comunidades das nossas cidades  enfrentando as “balas perdidas “ , melhor , endereçadas nas cabecinhas das crianças negras e pobres ,  das patroas  indecentes da classe mérdia  auxiliando o descarte de crianças negras e pobres, da familícia no governo  que patrocina  o genocídio de jovens, adultos e velhos,  negros e pobres.

Eu sabia que a pandemia não chegaria sozinha no BRAZIL; veio assolar os empreendedores de aplicativos com as  suas bicicletas, motocicletas, arriscando suas vidas ao entregar  o mais rápido possível,  documentos, objetos, comidas pros indivíduos isolados em  suas casas  com ares de limpeza , e com  suas empregadas domésticas rarefeitas.

Estou aqui pensando em home Office (escritório em casa, o que produz?), quem é home Office que produz de fato? –aquele que nas roças de hortifrúti granjeiros, nas linhas de produção de equipamentos hospitalares, de produtos farmacêuticos, domésticos, alimentares; e dai,um terraplanista pergunta?- Eu tenho que conviver com absurdos nesse século XXI, e o pior é ele querer me convencer, eu “SE” mando.

Dá Licença, voltando pra meu umbigo, meu sonho sempre foi pisar em folhas, sonhava com um terreno, cheio de arvores, plantas e que no outono derramassem folhas no chão pra eu pisar. Demorou pra eu chegar a viver isso, nesse espaço de tempo, passou a juventude, os trintas e poucos anos, a psicanalise, os dessabores, as uniões e as separações nem tanto compreendidas.

As árvores foram plantadas por mim a mina d’água captada por mim, as construções surgiram da minha cabeça alcoólica sem conje ou conja  pra uma ideia trocar, faltou cuidados com animais, cavalo, cachorros por falta de familiaridade, muitos “pecados” cometidos até atingir meu sonho e, pra suportar a dor interior eu inventava uma nova ilusão a cada dia, sofria.Sei hoje que pouco fiz perante uma Marielle Franco; sinto vergonha de postergar uma vida de ações lustres.

Nem pedi tanto, hoje tenho  as folhas para pisar, a cantoria de pássaros, os micos debruçados nas frutas, a dança de borboletas que assombram minha sombra, ando  livremente com os naufrágios do meu coração, as lágrimas evaporam as bochechas  incandescentes, eu descobri minhas fraquezas, porém, debaixo de um pé de manacá, sinto-me velha e infelizmente com dificuldade pra mediar com o passado.

Fim de quarentena, sendo que muitos  nem o direito tiveram de permanecer em quarentena, por exemplo, os periféricos que nos sustentam  a cada dia, irão sustentar também  os índices da tragédia. Pouco importa não é?- Se eu continuar pisando meu chão cheio de folhas e se outono passar, eu viva, triste !

rosinha minha canoa