quarta-feira, 14 de setembro de 2011

É GRUDADINHO ! POR ROSA MARIA DAOLIO



é tudo tão grudadinho,é um galanteio
 entre o tronco e a flor do fruto
colo de prima -dona a exposição de todos 
entre soluços me pego  recordando seu decote
imagino uma face de arlene , marlene ,vôo de ponte aérea
um frívolo espanto me conduz agora a pranto
é tudo tão grudadinho e parece ontem
torno um assunto unico e espio o movimento
a oposição perene acontece num instante
que estou a te confessar algo alucinante...
o menino vinha de dentro uma alegria para ambos 
uma tristeza nupcial abatida mas, um futuro próximo e diverso

poetatriz amina rosa


UMA FICÇÃO : É UMA PROPOSTA PARA O MAPA CULTURAL POR ROSA MARIA DAOLIO


Sentada num hall entre os elevadores e a escada, atrás portas direita e esquerda onde se entra vivo a direita a uma recuperação e a outra a esquerda se saí morto para o necrotério, localizado no meio das duas alas do lado direito quartos pares e do lado esquerdo os quartos impares, somos sentados cinco, num conjunto de sofás muito usado, cada um com sua aflição, no meu colo o evangelho aberto nas preces guardiãs, na minha cabeça a repetição se faz presente, rondo com olhar assustado quando uma porta se abre uma hora e meia após sua partida , assim descubro que aquela  era a porta da morte.

De repente fico sozinha, estremeço ainda mais, eu não tenho nem com quem chorar a luz se apaga, as mãos apertam o evangelho e quero perguntar, mas se eu conseguisse seria genial, passa alguém rápido, como uma espécie diferente de mim, desce do elevador duas mulheres e um homem, uma mulher chora compulsivamente, entre uma palavra e outra percebo que a mãe dela faleceu , eu já aliviada tento confortá-la adequadamente, logo após vem o médico o chefe da equipe dar explicações inexplicáveis, tentando justificar o valor absurdo que momentos antes eu ouvi o real da família o quanto foi cobrado, Instante depois saíram todos dali sem me perguntar por que estava ali.

Sozinha resolvo me aconchegar no quarto aonde aguardamos juntas e soube pela nova ocupante do quarto que eu deveria pegar tudo da gente e se virar em algum canto daquele imenso... Lugar, porque o momento seguinte é desconhecido... Com um peso absurdo, largada pelo prédio, teria que ficar acordada pra guardar a sobra de nós.Perdi o tempo de espera do hall, volta encontro novas pessoas , com o evangelho amarrotado e aquele monte de coisas permaneço ali olhando , rezando, vasculhando por entre as medidas humanas quem poderia amar  mais do que eu.
Sem perceber estava entrando num redemoinho de comparações egoístas, até nessa hora notei que sofria tudo e só meu. Quando anoiteceu delirei, chorava desesperadamente , quando vi o anjo Rosa, pedi implorei, até que me trouxe a notícia fantástica da sua recuperação, contou-me do seu olhar ainda turvo, sorri chorando , beijando a face da Rosa.
Devagar flutuando vou para o bar mais próximo relaxar na bagagem, eu estarei numa espécie de guarda volumes, no bar ligo pra um, pra outro dando as boas novas, já que não tenho onde dormir vou ficando por aqui até o bar fechar pois a capela  já estava fechada, afinal que diferença faz se estou sozinha mesmo e  posso  orar em qualquer lugar.

Sob frio intenso tentei me esticar no sofazão gostoso do Hall do edifício central, mas o segurança não dava mole. Entre um chamamento e outro passei a noite. De manhã cedo acordada e ressacada, empolgava-me nos preparos da minha visita, tomei até um banho na pensão ao lado paguei caro mais valeu à pena, tive o cuidado de me lavar com sabonete de glicerina neutro isso pra não incomodar ninguém muito menos você. Ah! ... Se eu pudesse levaria uma flor do campo. Com certeza não faltará oportunidade.
Acredite se quiser eu nunca lhe dei essa flor do campo, acho que porque teria  disponível os campos do Mundo se quisesse.

Agora sentada de costas para a porta da saída de vida recuperada, continuo com o evangelho nas mãos, um monte de gente acumulada no hall esperando o chamamento para a entrada de visitas, eu tremia de emoção mal cabiam na minha boca as palavras que queria lhe dizer, na tentativa de me controlar respirava fundo, sentada, enquanto muitos outros em pé desassossegados.

Faminta, pois só agora pensei que nada ingeri a não ser vigília, somente depois da visita, já pensava em comer tudo que estivesse ao meu alcance.

 Muitos são chamados e eu, continuo ali imóvel, achando que alguém pode me prejudicar se eu perturbar o ambiente tem sempre esse tipo de sentimento comigo, meio assim: tenho que reverenciar sempre, exigir nunca e o medo do abandono.
Pra você ter uma idéia eu nasci e não reivindiquei meus  direitos  como qualquer pessoa  normal , escondi  meus sentimentos e  a minha querida nas festas da família não deveria  ir e quando nos  jantares de negócios quase surtava por não ter você comigo , nos encontros no clube da fábrica nos finais de ano nem pensar ;  o que iriam fazer comigo durante o ano novo .Deixando o passado no passado, com razão ;  que fique na boate “Ultimo Tango”, anos 70, século XX e que belo passado onde me  escondia da sociedade normal pra poder dançar e namorar  e corria o risco de morrer clandestinamente por balas do  grupo de extermínio do  coronel “Erasmo Dias”, e ele foi enterrado no XXI,  como respeitado militar do Exército, historiador e político brasileiro, há ! - antes ele do que eu.

Barulho forte me arrepia, viro-me depois de uma sensação de estar sendo observada; é uma maca, levanto-me subitamente a vejo de soslaio rapidamente por dois homens de branco e conduzida para o elevador.
-Pra onde está indo?
-Um homem de  branco sussurra um número.

Motivada ou uma forte intuição começo a descer os degraus da escada tentando chegar antes do elevador e cheguei, é incrível deu pra ver a porta do quarto onde continha uma placa denominada: “isolamento”; eu mal curti o seu retorno e comecei a pensar sobre o título, lembro-me olhei para os seus olhos e percebi o quando você sofreu nas ultimas vinte e quatro horas. Tentava me manter firme e não mostrar fragilidade em observar o tamanho do corte em colo seu  seio.

Entrei na libido sem querer, mas foi sorrateiramente me envolvendo , deixou-me cair em volúpia, sei bem que não é o momento e o que fazer com tanto desejo de você?  - uma mistura de mãe e amante, uma culpa me fixou e permaneci atormentada.
Arrebatada com um egoísmo peculiar, entre o querer e o desejo real, perplexa no sentimento de posse, pois somente agora você me pertencia, meu olhar pra você era o todo, perdoe-me por ter, contudo aborrecido o Mundo ao seu redor.
-como pude ser tão perversa se você voltava pra mim? - voltava sim de uma séria cirurgia...

Quando me culpo só faço merda, foi sempre assim, esse sentimento parece me conduzir pro labirinto esquisito de péssimas recordações e fecha o livro da leitura diferenciada, sem querer auto-ajuda, mas sim uma Lia Luft ou Nélida Pinõn; ou melhor, preciso de uma literatura independente de sexo, mas que aponte uma saída para esse sentimento misturado de maternidade nessa situação delicada e uma volúpia apaixonante de ser sua amante.

Nada encontro nem abraço amigo, nem troca de olhares, nem uma palavra sequer de fortalecimento, todos me ignoram e só desejam saber do tamanho do corte entre seus seios. Ficará uma companhia? - Sequer dirá meu nome ou me mandará dormir em paz.
Nem procurada por médico ou enfermeira, quando um queria me dispensar dizia atropelando as palavras: - é minha filha, e quanto ao olhar desconfiado respondia afirmativamente: é adotiva.
Meu Deus o que estive fazendo de mim até aqui?
- Eu falsa até nessa hora! - Especulando meu intimo um signo que demonstre um pouco de realidade e diante de mim apenas você que me olha com dúvida e não como namorada.

Imagina...  Hoje tem deputado federal assumido, judiciário propondo a união civil e seus direitos sociais, casais adotando crianças. - ah que ponto chegou? –aumento da agressão e o número de mortes, a discussão nas escolas ainda permeia pela exclusão, todos são especialistas em comentar e consideram-se vitimas para compreender.

Meu amor! - eu e você estamos indo de volta pra casa, inicia-se um processo de desconfiança de ambas; você acredita em ligações absurdas minha, eu na presença solidária me torno dona do trono. Vamos-nos complicando um pouco mais, a cada dia, a cada visita, a cada surpresa de minha irmã de seus filhos e do esperto pai dos filhos. Ninguém escuta, nem quer saber, mais ou menos entre linhas ditas: virem-se, vocês se escolheram então toma o que é teu com prazer.

Segui sabendo que minha obrigação era de cuidar, preservar, engordar e  fui desesperadamente  cozinhando ,alimentando,  comprando , acontecendo, estressando-me, não tive controle do controle , a casa era minha sua, sua minha , invertendo os cuidados em curativos ...e um dia paramos diante da passarela  do lago da praça e... surtamos! - eu quebrei meus novos óculos ray-ban com graus, você logo após num desmaio inventado de novela nos levou de volta ao hospital. Porra meu! - o que fizemos do nosso amor? –ele que começou bonito partindo do seu sonho de um beijo roubado; e a uma pequena distração genuína abobalhada minha; pronto, bati o carro.

E eu que jurava poder ensinar seus filhos, história, geografia e química, nunca passei além da marchinha preconceituosa de carnaval , “Maria Sapatão “. Depois como se não bastasse ainda saímos uma de cada lado fazendo  desaforos em forma de retratos, versos e comunidades virtuais, no MSN  nem me fale?- o quanto  me contaminei da época de “deuses e de diabos ”, encarnei ambos ao mesmo tempo, mordendo e assoprando.

Suas férias embutida num frasco de cristal, solene e amparada por cartões de crédito com meu Código de Pessoa Física, que a justiça seja feita : tu és  poderosa diante de mim. Não adiantou sentirmos saudades e fracassou fazendo o mesmo trajeto das férias anterior o fim previsto se anunciava na virada do ano, entre falciformes, fogos e rabanadas, talhos com sete pontos  nas cabeças de cima para baixo, à sustentação de tipos excêntricos.

Exclamando no celular: Querido não conte nada para o papai o que houve!- depois ... a mamãe explica.
Ocorreu-me uma coisa agora depois de tanto tempo; que a mamãe explicou... O incompreensível
Eu até hoje permaneço no obscurantismo em se tratando de sexo e afirmo: se alguém tem certeza de sua orientação sexual ao se deparar com a diversidade sente-se ameaçado e agride.
Ainda bem que vivo uma alucinante forma de onipotência pelo vício  e a cada queda levanto –me aperfeiçoada na forma de ceder, jamais jejuar  sou efervescente manobro enquanto eu puder escolher , porque tem gente que acha que pessoa assim como eu não escolhe, engano seu, nêgo !

Hoje passo o dia orando para meu anjo de guarda para não cair nas armadilhas do coração que tenta a cada lance do meu sucesso impor-me delírios de mãe, avó, amante, sei lá, uma sede do principio de alcovitice.
De vez em quando pergunto pra pessoas em que posso ajudar? –

Gostaria que todos nós copiássemos o costume oriental, também não tenho certeza que perdure com tantas modificações na maneira de vida, mas é assim: “quando se vai visitar alguém seja parente ou amigo doente, na saída deixe um envelope sobre a mesa da casa com uma quantia em espécie para colaborar com os gastos da família ou da própria pessoa enferma, pois nessa hora todo mundo esta com a necessidade de pagar uma conta para logo em seguida fazer outra, são dificuldades semelhantes a todo mundo desde o mais rico até o mais pobre” eu já estive em situação de necessidade extrema para adquirir um medicamento para o tratamento e uma pessoa da família para o doente trouxe bolachas do 1,99 e umas frutas meio passadas e pra mim a cuidadora uma caneta de ultima geração que ascende até luzinha, passou  todo tempo contando vantagens , depois, virou-se e foi embora!-  com o firme propósito de voltar.

Preservando a raça quero mover fundo apocalíptico, estarei nessa geração de famintos de solidariedade e o resto virá acompanhando harmoniosamente a humanidade cristã, meu exagero é penalizado por você meu grande amor que é o meu eterno envolvimento à  um futuro com uma outra visão.

Simplesmente desconhecemos o combinado...

 poetriz amina rosa