terça-feira, 23 de julho de 2019

As mãos de minha mãe ! Rosa Maria Daólio

Uma composição ...
a gente só amadurece com os remorsos,
perdoe-me mãe !

Ontem eu fui a feira, já não era aquela da Cidade Satélite ou do  Brooklin.
 Em São Paulo as feiras livres são colossais , vendem nas bancas
roupas  íntimas , sociais, cama , mesa e banho...
parece as lojas pernambucanas .

Nas bancas de frutas , verduras e legumes   e as facas fatiam os paladares, juntando -se os peixes , frutos do mar...  e até lula livre .
Que saudade das bancas das bolachas , amendoins, gomas,
maria -moles , mas que nada,  duras  são as Marias nas ruas da vila.
Banca de chás e ervas , retiram as tristes amarguras até mesmo pelo aroma , possível   tropeçar  o realejo disponível a tirar a sorte .

Deveras encontrar com minha fantasia ao deparar com uma adolescente interessante como eu ; hei mia deusa, é a Dinha também com a sua mãe bem mais moça que a minha.

Eu  nada escolhia pois tudo era dádiva das mãos de mãe ,
minhas mãos auxiliavam nas sacolas e carrinho cheio , uma alegria
para a mãe , mas  eu já fantasiava o próximo encontro.

O tempo passa as feiras e freiras com a hibridação se aliviam em outros elementos.
Hoje eu fui a feira e descobri a sensação das mãos invisíveis da minha mãe,elas voltaram comigo pra casa, dormiram comigo ;
apoiaram-se  na máquina de costura
frente a janela com o sol da manhã e límpido de inverno.
chorei de saudade ...

Pouco me  importa meus remorsos , minhas lembranças reparam
as picuinhas da fase oral, volto-me ao amadurecimento
sou uma  amálgama de pessoas.

Liberta -me ,com  arte às ironias de uma mulher incandescente,
refaça-me  uma senhora  de obscenidade do tamanho de Hilda Hilst,
assim ,estarei  póstuma às mãos de minha mãe .

rosinhacanoa

SANGUE PURO É O Ó ? Rosa Maria Daólio

desejo dizer as palavras como um resgate à liberdade
com fúria  aquelas de injurias,
com justiça as precedidas do latim,
eu quero pronúncia-las com alas de  samba de enredo

 declarar as palavras como estupro
quando um preconceito as tornam vigorosas,
interroga-las  enquanto  me exclamar,
eu vou dizer as palavras que me calam !

romper com as palavras malditas ,
oxalá as palavras de línguas consumidas,
desejo  resgatar as  afros benditas ,
embu- gaçu  na  região Jaguariúna e Jundiaí

 somente em sampa Paiçandu por Anhangabaú,
pacaembú, Tucuruvi, a mooca com  m'boi mirim ,
piruetas no  Ibirapuera , de Cambuci a Itaquera
um tatuapé a puta que te Pari !


cobra grande no rio preto com minha cor da pele
no moinho de pilão , e a quem me diga
que é sangue puro , ah os mouros me atingiram
com o nonô napolitano na  veia com os velhos signos .

poetriz amina rosa

                                                                      anhanguera


segunda-feira, 15 de julho de 2019

Grada Kilomba e, meu reconhecimento !

GRADA KILOMBA

  é um nome , uma mulher feminista e outras plurais  mais ...
  remeteu-me ao abismo , gracias !
 sinto-me confusa , mais grada !


é mulher negra com  outros rastros ...
empolga-me saber,o que fazer com o saber ?
sobre a língua e quantas foram eliminadas ?


eu nunca havia pensado nisso; e agora ?
pertenço a uma língua que na poesia
conta a tempestade da ação colonialista.

 de repente eu almejaria a língua espanhola
 como se evitasse  à desumanidade ,
imagino a minha invisibilidade italiana
onde jamais justa seria, sendo um pai Justo.
merecida de meu apelido chimbica,
 a delével culpa infantil.



(rosinha uma canoa)
 

sexta-feira, 12 de julho de 2019

Horta de pesadelos e sonhos ! Rosa Maria Daólio

Nas palmeiras da vida  ria , enquanto  o tempo permitir a vocês duas !
 
São duas pessoas e, o que me importa se a porta do céu abrirá pras caras cristãs e supostamente adversárias como nós?
São  palavras diversas que na minha terra se enterra quando se reza .
Vamos companheiras da prosa pra roça viajar entre pingos de suores e lagrimas ,
nosso sexo  se assanha na roda  é preciso  ter coragem  e dedicação , o mérito é da fé !
Cruz Credo mangalô treze vezes , os sangrentos , bandidos, canalhas , estão no parlamento e em nome de Jesus cometem atrocidades contra cidadãos trabalhadores , velhos e crianças .
Estou aborrecida , mas não vencida , pois na horta a gente se sente grande , uma mulher de pesadelos  outra de sonhos .
Viajo pelos mares de espinhos , gravito pelos mares do agito , sou branca por isso existo; sou esquisito da desgraça do  gênero, sem discussão , com atraso,  escuto na tribuna do congresso a fala de cristão defendendo armas , prisão e tortura ,minhas deusas me socorra  a jato , ops ?-  vaza a jato não é sucesso , atualmente  falsos  heróis continuam invadindo as ruas com bandeiras nas mãos da ordem e do progresso .