Eu morei numa rua despojada de preconceitos ,
compunha nela, uma casa de prostituição,
hotéis de viração e o consulado da Casa Suíça
eu a contar em prosa e verso ,
que nos errantes da vida, frequentei ambas,
entreguei-me entre beijos e fracassos
na cama e na mesa do happy hour do Saint Moritz bar,
devolvi meu suor em tempo evasivo com a farsa,
prometi entre outras coisas, amar-te diante de uma canção,
eu nem entendia a letra.
era uma rua que encorajava -se à noite,
era a esquina da droga oferecida,
todavia, o dia se iniciava comigo
e, de vez em quando, eu abordada por policiais
à espera do bus da multinacional que me sugava.
era uma rua democrática, com efêmera igualdade ,
desfilava nela os executivos, pobres, travestis ,
brancas e negras apreciadas,
ambas surradas em casas ,
fabricas e em trágicas visitas,
a rua também incluía os corpos que habitavam as calçadas.
era uma rua desnuda ,
colorida na subida ,
e na descida, resistia a praça Paris !
era uma rua cândido mendes ,
varandas da glória ,
um apartamento solidário,
dando mãos a quem necessitasse de acolhimento.
(in rio de janeiro)
rosa maria