quarta-feira, 28 de julho de 2021

Cartas para minha avó!Rosa Maria Daolio

 


Alguns afirmam que sou parecida com ela ,outros dizem que me pareço com ele,entre avós e nonos , sou mais a nona Luíza , sei pouco sobre ela, além dos encontros  diários em busca do leite , posso afirmar que não  recebia   beijo e nem abraço , a benção eu pedia , mulher da sua época sustentava as  costuras e o  pão de cada dia.

 Os seus filhos eu contava nos dedos através dos nomes de tios e tias  e a incluir o meu pai  , chegara a soma de  13. ? Estaria eu  predestinada? 

Era o tempo que as mulheres  casadas  procriavam e  acontecia neonatal e  filho que na idade adulta falecia  antes dos seus progenitores, asseguro  que minha nona (avó) passou pelas duas experiências com afabilidade ao luto, pois , a razão sem outra escolha , resistia a continuar a sua trajetória. 

Por outro lado as mulheres  solteiras colaboravam a criar filhos, era uma  troca entre a espécie , lembro-me  muito da tia  que com a voz alterada, impedia-me ás fantasias.

Voltando para nona que chegou ao Brasil para substituir a mão de obra escrava e eu sem  discorrer de algumas regalias ,ela virou na  colonia ,com outras mulheres negras, escravizada.Com a lenha nas costas, sete saias sem calça , não dava conta de curtir seu sangue uterino , pois era um filho a cada 12 meses, quando o leite  brotava amamentava , quando não,  a mãe de leite doava. 

Quando eu  observo  a fotografia da minha avó, noto nos largos punhos, a possibilidade criada  com  suas mãos a mexer o melado de cana para adoçar suores dos seus filhos, quando na roça a saborear  as  marmitas, aportados, ás sombras dos pés de café !


                                                        Nona Luíza com 92 anos de idade 

rosinha canoa